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USD 459 milhões serão destinados a florestas e direitos indígenas

  • Um grupo de 17 fundações filantrópicas destinará quase meio bilhão de dólares para apoiar soluções baseadas em terras para a mudança climática e para reconhecer direitos coletivos de terras e gestão de recursos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.

  • O anúncio destaca-se pois reúne uma série de filantropos que muitas vezes adotaram uma abordagem isolada para enfrentar os problemas sociais e meio ambientais do mundo.

  • O compromisso, que inclui tanto compromissos anteriores quanto dinheiro novo, eleva o perfil de duas oportunidades frequentemente negligenciadas na mitigação da mudança climática: florestas, que poderiam ajudar a atingir até um terço das metas globais de emissões até 2030, e comunidades indígenas e locais cujas terras compreendem quase um sexto da cobertura florestal global.

  • As fundações assinaram um acordo estabelecendo cinco prioridades compartilhadas, que vão desde os direitos das comunidades indígenas até à transição para sistemas alimentares saudáveis.

Um grupo de 17 fundações filantrópicas destinarão pelo menos USD 459 milhões até 2022 para apoiar soluções baseadas em terras para a mudança climática – incluindo conservação e restauração florestal – e para reconhecer direitos coletivos de terras e gestão de recursos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.

O anúncio, que foi feito na terça-feira em um evento antes da Cúpula Global de Ação Climática em São Francisco, destaca-se pois reúne uma série de filantropos que muitas vezes adotaram uma abordagem isolada para enfrentar problemas mundiais. Essas fundações têm o potencial de mobilizar recursos mais rapidamente – e assumir maiores riscos – do que os governos.

Maliau Falls in Sabah, Malaysia. Photo by Rhett A. Butler
Maliau Falls em Sabah, na Malásia. Foto de Rhett A Butler.

“Enquanto o mundo esquenta, muitos dos nossos governos têm demorado a agir”, disse Darren Walker, presidente da Fundação Ford, em uma entrevista coletiva. “E assim, nós, filantropos, devemos intervir.”

“Hoje é um grande passo para o setor da filantropia pois intensificamos nossos esforços de colaboração para enfrentar a crise da mudança climática. Soluções climáticas enraizadas nas florestas e no uso da terra são essenciais para atingir as metas climáticas globais de hoje – proteger e expandir florestas, promover o uso sustentável da terra e garantir os direitos e a subsistência das comunidades indígenas e florestais.”

O compromisso, que inclui tanto compromissos anteriores quanto dinheiro novo, eleva o perfil de duas oportunidades frequentemente negligenciadas na mitigação da mudança climática: florestas, que poderiam ajudar a atingir até um terço das metas globais de emissões até 2030, e comunidades indígenas e locais cujas terras compreendem quase um sexto da cobertura florestal global.

“No mundo, as terras das comunidades indígenas e locais detêm quase 300 bilhões de toneladas métricas de carbono – o equivalente a mais de 30 vezes às emissões globais de energia em 2017”, disse Vicky Tauli-Corpuz, relatora especial das Nações Unidas para os direitos dos povos indígenas, em um comunicado. “Se os nossos direitos como povos indígenas forem reconhecidos, poderemos continuar protegendo essas terras para as próximas gerações”.

Representatives from the foundations who signed the commitment. Photo by Reny Preussker.
Representantes das fundações que assinaram o compromisso. Foto de Reny Preussker.

As fundações assinaram um acordo estabelecendo cinco prioridades compartilhadas: “políticas de uso da terra e financiamento que ajudem a atingir metas climáticas ambiciosas e contribuam para o desenvolvimento sustentável; políticas que protejam e reconheçam o papel das florestas e o uso sustentável da terra no apoio aos meios de subsistência rurais e no alívio da pobreza; direitos à terra dos povos indígenas e das comunidades locais e gestão de florestas e o fim da violência e criminalização dos defensores do meio ambiente; parques nacionais, áreas de conservação e florestas ampliadas, protegidas e restauradas que respeitam a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e seu direito ao consentimento livre, prévio e informado; e a produção agrícola e investimentos que apoiam a transição para sistemas alimentares sustentáveis, não causam desmatamento ou violência rural, preservam a biodiversidade e melhoram a saúde do solo.”

As fundações participantes incluem a American World Jewish Services, a Fundação Arapyaú, o Fundo Christensen, a FundaçãoClimateWorks, a Fundação David and Lucile Packard, a Fundação Doris Duke Charitable Foundation, a Fundação Ford, a Fundação Good Energies, a Fundação Gordon and Betty Moore, a Fundação John D. and Catherine T. MacArthur, a Fundação Leonardo DiCaprio, a Fundação Swift, Tamalpais Trust, Tata Trusts, a Fundação Rockefeller, Thousand Currents e a Fundação das Nações Unidas. Todos os membros da Aliança pelo Clima e Uso da Terra (CLUA) – uma coalizão de fundações que trabalha nessas questões na Indonésia, na Amazônia e em partes da Mesoamérica – assinaram o compromisso. No evento, o governo norueguês também disse que daria apoio financeiro à estratégia da CLUA para proteger as florestas e fortalecer os direitos das comunidades indígenas e tradicionais.

Dinamam tuxá from APIB (Articulation of the Indigenous People of Brazil) at a press conference announcing the funders' commitment. Photo by Reny Preussker.
Dinamam tuxá da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) em coletiva de imprensa anunciando o compromisso dos financiadores. Foto de Reny Preussker.

“Nós vemos países recuperando terras degradadas, corporações prometendo parar o desmatamento e comunidades indígenas com fortes direitos fundiários liderando o caminho em empreendimentos sustentáveis que apoiam seus meios de subsistência, mantendo as florestas em pé. Nosso objetivo é que o setor da filantropia aumente suas ambições para que esses sucessos possam ser elevados e replicados”, disse Charlotte Pera, presidente e CEO da Fundação ClimateWorks.

“Não há uma solução única para o problema climático, mas proteger as florestas, a terra e as pessoas que as defendem é uma parte importante da constelação”, acrescentou Carol Larson, presidente e CEO da Fundação David and Lucile Packard. “A filantropia está em uma posição única para agir sobre o clima, porque temos a flexibilidade de tolerar o risco, pensar grande e investir a longo prazo. As fundações devem desempenhar o seu papel para progredirmos com maior urgência e ambição.”

Nota de esclarecimento: várias das fundações que assinaram este compromisso fundam Mongabay.. Essas fundações não têm influência editorial na Mongabay.

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