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50 anos depois da explosão: Recuperação no recife do Atol de Biquíni

50 anos depois da explosão: Recuperação no recife do Atol de Biquíni

50 anos depois da explosão: Recuperação no recife do Atol de Biquíni

Amber Dance, especial para mongabay.com

pt.mongabay.com
Traduzido por Thomaz William Mendoza-Harrell
3 de Agosto, 2008





Cinqüenta anos depois que as bombas atômicas retumbaram sobre o Atol de Biquíni pulverizando os seus recifes de coral a lagoa volta a exibir uma exuberante comunidade de corais.



Cientistas mergulhando na cratera Bravo, de dois kilometros de largura formada em 1954 por uma explosão 1,000 vezes mais potente que a bomba de Hiroshima, no Japão, encontraram um habitat de corais em formato de arvores com 30 centímetros de espessura. O estudo mostra que os recifes de coral podem se recuperar de danos profundos—quando deixados em paz pelos humanos.



As Ilhas Marshall, no oceano Pacífico Central, hospedaram 23 testes nucleares dos Estados Unidos entre os anos 40 e 50. O atual estudo, publicado na edição de Março do Boletim de Poluição Marinha, é o primeiro a examinar a diversidade de corais em Biquíni desde 1954, antes da bomba Bravo vaporizar três ilhas deixando uma cratera com 73-metros de profundidade.




Photo by Silvia Pinca

Os cientistas descobriram que aproximadamente 70 por cento das espécies pré- existentes do atol repovoaram a lagoa. “É uma recuperação brilhante no Atol de Biquíni,” disse a bióloga Zoe Richards, pós-graduanda na Universidade James Cook University na Austrália e uma das autoras do estudo. Porém, a equipe não encontrou vestígios de 28 outros delicados corais que habitavam Biquíni.



Quando inicialmente mergulhou na água para coletar amostras em 2002, Richards não tinha certeza do que iria encontrar—uma paisagem lunar talvez, ou grotescas criaturas mutantes. Embora tenha encontrado algumas áreas estéreis, outras eram povoadas por massas de corais aparentemente saudáveis nas cores amarelo, marrom e vermelho. Ela trouxe as amostras de volta para a Austrália para identificação, um processo demorado, e comparou as espécies atuais com as do levantamento de 1954.



Uma história explosiva



Lagoonal coral reef habitat at Bikini, photo by Silvia Pinca

Os nativos de Biquíni evacuaram o atol em 1946 para permitir os testes nucleares. Acima do nível do mar a terra ainda evidencia restos espalhados de concreto dos abrigos e pontes construídos pelos militares. Embora visitar o atol não apresente ameaça imediata à saúde, o solo está contaminado. As plantas absorvem o césio-137 e outros isótopos perigosos; o atol está espalhado de cocos radioativos, e qualquer produção de Biquíni é inadequada para o consumo. Os povos de Biquíni, agora espalhados pelas ilhas Marshall esperam poder descontaminar o solo e eventualmente poder retornar a sua terra natal.



Richards comparou o impacto da bomba Bravo a 50 furacões atingindo o atol ao mesmo tempo. A água ferveu levando as temperaturas a 55, 000 graus Centigrados (100,000 graus Fahrenheit), pedaços de coral atingiam embarcações militares na lagoa lançando ondas de 30 metros de altura (100 pés) para fora. A explosão lançou milhões de toneladas de areia que barraram a luz do sol e sufocaram os corais remanescentes quando se depositaram no fundo mar.



Pouco era conhecido dos corais de Biquíni depois dos bombardeios até que o governo local convidou cientistas a examinar a lagoa.



“Conhecendo a história de Biquíni era um caso que implorava para ser explorado” Richards disse. Ela mergulhou em 19 locais diferentes pelo atol para completar o seu estudo.



Hora de sarar



Porites matrices growing in the Bravo Crater, photo by Silvia Pinca

A tendência dos corais de liberar larvas com capacidade de boiar provavelmente contribuiu para a recuperação de Biquíni. Os corais são pequenos animais que convivem com algas. As algas transformam a luz solar em energia para criar os recifes. Os corais podem se replicar pela simples fissão, ou sexualmente soltando ovos e esperma. Os óvulos e esperma se fundem para formar larvas que migram com as correntes.



Richards suspeita que a lagoa de Biquíni foi re-inseminada com larvas de coral provenientes do atol de Rongalap, a uns 100 quilômetros distantes (60 milhas) corrente acima do Pacifico. Das espécies que ela não pode encontrar muitas eram delicados corais de sedimento mole que poderiam ter sido facilmente desenraizados. Diversas destas espécies raramente utilizam a reprodução sexuada, o que limitaria a quantidade de lavras provenientes de Rongalap.



“Este estudo indica que existe alguma elasticidade no sistema,” disse Terry Done, um ecologista de recifes de coral aposentado que não participou do estudo.



No entanto, os autores do estudo ressaltam com cuidado que o atol de Biquíni é um caso especial. Ironicamente, a radiação que tornou o local inabitável o manteve os corais a salvo da interferência humana, dando assim algum tempo para a recuperação. Biquíni teve igualmente a vantagem da proximidade do recife de Rongalap para servir de fonte de reabastecimento.



Outros recifes podem não ter a mesma sorte. Os recifes de coral encaram hoje uma série de desafios, desde invasões de estrelas marinhas e as mãos de mergulhadores até a poluição e as mudanças climáticas. Estas interferências podem causar a evacuação das algas de que os corais precisam para a sua produção energética e proteção solar. Sem essa proteção, a luz solar branqueia os corais. Se estas condições ameaçadoras continuarem eles morrerão. Outros estudos advertem que muitos recifes do mundo podem desaparecer em décadas. “Os recifes precisam ser resguardados depois destes eventos catastróficos,” disse Done.





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