A iniciativa Norueguesa de Clima e Florestas, que separou bilhões de dólares para esforços contra o desflorestamento, deve trabalhar com o Ministro das Finanças do país para afastar o Fundo de Pensões do Governo de empresas que destroem florestas, disse a Agência de Investigação Ambiental (EIA), um grupo ambientalista.
O EIA se manifestou sobre a questão quatro dias após o fundo de pensões ter anunciado que vendeu todas as suas ações do conglomerado madeireiro Samling Global da Malásia depois que uma investigação encontrou evidências de exploração ilegal de madeira em Sarawak, um estado da Malásia na Ilha de Bornéo. Apesar da venda representar menos de 1 por cento do total de ações da Samling, o posicionamento mandou um forte recado.
Agora o EIA está chamando a atenção para que o Ministério das Finanças avalie outros $437 milhões em ações de grandes empresas relcionadas a florestas, agricultura e commodities que operam na Indonésia, Papua Nova Guiné e Malásia.
“Muitas empresas foram relacionados a desflorestamento e outros danos severos ao ambiente”, lê-se em um declaração do EIA. “Algumas foram acusadas de extração ilegal de madeira e desmatamento, abuso de direitos e trabalhadores, corrupção e fraude significativa de impostos. Todas essas atividades vão contrariar o código de ética do Fundo de Pensões, se forem confirmadas”.
Entre as ações questionáveis citadas pelo EIA estão:
- Ações no valor de $39 mihões do Noble Group com base em Hong Kong, que recentemente comprou uma licensa de uma grande área florestada com palmeiras de óleo de 32.000 hectares em Sorong, no Oeste de Papua. Quando o EIA visitou a plantação em abril de 2009 investigadores encontraram uma criança de 4 anos que tinha sido forçada a assinar um contrato de várias décadas para liberação de terras. Donos de terras disseram ter recebido $2,50 por hectare, e reclamaram que benefícios prometidos não tinham se materializado. A derrubada florestal continua.
Nova abertura em floresta da empresa Medco Papua Hijau Selaras (que quer dizer Harmonia Verde de Medco Papua) para palmeiras de óleo em Manokwari ao Oeste de Papua. Arifin Panigoro da Medco faz parte do painel de Conservação Internacional.
- $1,2 milhões em ações da LG International Corp, e mais ações da Medco Energi International, que juntas controlam 170.000 hectares e buscam um total de um milhão de hectares de floresta em Papua para produção de polpa e fibra de madeira. A terra é parte de um controverso projeto estatal de comida e “energia limpa” em Merauke onde 1,6 milhões de hectares estão marcados, mas oposição local e internacional tem se espalhado.
- $17,8 milhões em ações da controversa Golden Agri Resouerces que conts na lista de Cingapura, e controla o gigantesco grupo que planta palmeiras de óleo e produz polpa na Indonésia, o Sinar Mas. Uma recente avaliação independente das operações do grupo Sinar Mas concluiu que em uma província da Indonésia “todas as concessões examinadas teriam realizado a derrubada de matas antes do EIA [avaliação de impacto ambiental] ser aprovado”. O grupo Sinar Mas também está derrubando florestas em Lereh, Papua.
A Iniciativa Norueguesa de Clima e Florestas é a maior fonte única de fundos voltados para redução desflorestamento tropical. Em maio, a Noruega garantiu $1 bilhão para conservação de florestas na Indonésia, que seguiu o $1 bilhão prometido ao Brasil posteriormente e centenas de milhões em fundos para a Guiana, Tanzânia e países da cabia do Congo.
“A Noruega e outros países estão enfraquecendo suas boas intenções ao pagar países como a Indonésia para que protejam suas florestas, por um lado, e investindo em desflorestamento sem seguridade social ou ambiental do outro”, declarou Andrea Johnson do EIA.